Banho!


Tiro meus pés do chinelo velho
Coloco os sob um chão gelado
A reação térmica
É de arrepiar a epiderme

Devagar, vou me despindo
A velocidade vai depender
Do cansaço no entardecer
Ou na ida para trabalho ao amanhecer

Posso estar atrasado
Ou apenas posso ir
E pensar no que há de vir

Abro a torneira e começo
A escutar o peso dos pingos no chão
Às vezes um ecoar do ralo
Onde apenas me calo e paro

Entro a baixo e o som muda
Agora os pingos pesam sob o meu corpo
São massagens instantâneas
Que trazem recordações momentâneas

Cada pingo na cabeça
Parece abrir uma porta
De minha memória
Seja da noite ou do dia
Da tristeza ou da alegria

Penso mais sobre mim
Aqui sob ele
Seria a previa do pensar
Antes de se deitar

Lembro que quando criança
Minha mãe gritava como onça
Vai tomar banho menino
E eu não ia

Talvez não fosse por preguiça.
Nunca foi por não gostar de água
Pois, quando ia, depois de muitas ameaças,
Parecia um peixe que nadava
Com toda a sua graça

Era difícil sair
Ficara La por horas e horas
Ate sentir e ver os meus dedos enrugados
Era ameaçado de apanhar e logo
Saia em segundos.

Penso mais sobre mim
Aqui sob ele
Penso no que posso fazer
Ou apenas dizer

Seria a previa do pensar
Antes de se deitar
Seria a previa do ato
Antes que fosse consumado
Seria a reflexão do fato
Depois de atuado

Os segundos passam rápido
Às vezes são horas aqui de baixo
Isso vai depender sempre de você
As suas atitudes, motivos ou razões.

Aqui o chuveiro é fechado
Como em um ato
Onde o ator não se faz autor
Torna a ser um mero espectador!
(Tom Campos)
(Oferecido a: Todos os Pensadores de Chuveiro!)

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